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A quarta noite

Escrito por: Hans Christian Andersen

Essa noite eu passei por um vilarejo, onde um palco estava montado para encenar uma peça alemã. O vilarejo era muito pobre e não havia um teatro. Assim, o palco foi montado dentro de um estábulo, adaptado para a ocasião. Apesar disso, todo o cuidado foi tomado para fazer do ambiente algo agradável. As paredes foram revestidas com papel de seda e pequenos camarotes foram montados. Um pequeno candelabro de ferro pendia do teto, sob um barril invertido. O candelabro seria fixado ali logo após a sineta que avisa sobre o início do espetáculo ter soado 3 vezes, como acontece nos grandes teatros. O importante era deixar sobre a plateias um pequeno foco de luz.
Ouve–se o som da sineta: dlin, dlin, dlin, no mesmo instante o candelabro foi erguido , protegido pelo barril, causando o efeito esperado, um foco tenue iluminava a platéia. A peça ia começar.
Muito eram os espectadores, entre eles um rico fazendeiro e sua jovem esposa. Eles estavam de passagem. Havia porém um espaço vazio à volta do candelabro. Escorria dele um sebo e gotejava sem parar: plin, plin, plin!
Eu a tudo presenciava porque as aberturas no teto foram todas escancaradas devido ao calor muito forte. Eu, a tudo apreciava, de camarote. Do lado de fora outra plateia se acotovelava, se empurrava par aver o que acontecia lá dentro. Eram criados e criadas. Mas um guarda tentava dificultar a curiosidade daquelas pessoas ameaçando–as com um pedaço de pau.
Bem perto da orquestra, o casal de proprietários estava sentado em duas cadeiras com braços, velhas . Esses lugares eram reservados ao prefeito e sua espeosa durante o culto dominical. Porém, naquele dia, tudo foi diferente e eles tiveram que procurar outros assentos, perto dos cidadãos comuns, sobre pranchas de madeira colocadas no chão. Dessa forma, a mulher do prefeito aprendeu uma lição sobre distinção de classe social. Para o público aquela situação constrangedora, veio acrescentar mais brilho ao espetáculo.
De repente, o facho de luz que vinha do candelabro parou de mover, o público batia com os dedos nas cadeiras. Eu, a lua, lá de cima, pude então assistir ao espetáculo por completo.

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®

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